sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Em busca do dono, cachorro aguarda há cerca de dez dias em parada de ônibus em Porto Alegre


Animal é alimentado por funcionários de uma fundação.

O freio do ônibus o desperta. Com as orelhas em pé e a esperança renovada, o cachorro corre até a porta de desembarque do coletivo. Aflito, fareja os degraus, os passageiros, o chão. Parece buscar algo, alguém. O veículo parte e, resignado, o animal volta à parada.

Ele não tem nome nem raça. Há mais de uma semana, repete o movimento e comove os funcionários de uma fundação de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. A certeza de todos é só uma: o bicho procura pelo dono, que o teria abandonado.



— Ele não sai daqui. Não aceita que chamem, não sai do lugar. Ele come olhando para os ônibus, fica ali o tempo todo. Mesmo quando chove, ele não procura abrigo — relata o funcionário público Aluísio Cruz de Almeida, 52 anos.

O animal é alimentado por funcionários da Fundação de Atendimento Sócio-Educativo (Fase), na avenida Padre Cacique. A refeição, sempre no fim do dia, é degustada com a boca no pote e o olhar direcionado à rua.

— Ele come feito um condenado, mas não tira os olhos dos ônibus — afirma Aluísio.



O reduto do cão é uma lixeira laranja, posicionada perto da parada de ônibus. Alguns passageiros ainda tentam passar a mão nele, mas o bicho é arisco.
— Ele cheira, cheira, cheira... Quando o ônibus para, ele sai correndo e parece querer subir — conta a funcionária Maria Facchinelli.
As atitudes do animal foram comparadas pelos funcionários da Fase às de um outro cão, que ficou conhecido pela sua lealdade. Entre as décadas de 1920 e 1930, um cachorro surpreendeu uma cidade e se tornou exemplo no Japão.

O animal, da raça Akita era chamado de Hachiko e teve a história contada no cinema no filme "Sempre ao seu Lado". Todos os dias, o cachorro acompanhava o dono, Hidesaburo Ueno, até uma estação de trem, de onde ele partia para dar aulas. Um dia, Ueno não voltou, vítima de um AVC. Mesmo assim, Hachiko passou dez anos indo ao local nos mesmos horários em que acompanhava o professor.

Enquanto o dono do "Hachiko porto-alegrense" não aparece, o cachorro mantém a mesma rotina.

— É como se ele estivesse em uma espera eterna. A fidelidade dele ao dono nos impressiona — descreve Almeida.

Assista o video da matério no site: http://www.clicrbs.com.br/diariocatarinense/jsp/default.jsp?uf=2&local=18§ion=Geral&newsID=a3049796.xml
Juliano Rodrigues | juliano.rodrigues@zerohora.com.br

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